quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Que o Inverno Trouxe Pra Mim



Dias atrás, enquanto eu entrava em casa após retornar do trabalho, eu me deparei com uma cena da qual posso dizer que não é muito comum de se ver na minha rotina de vida.

Minha mãe estava assentada no sofá com a fisionomia um pouco abatida, como se estivesse chateada com algo. Ela estava conversando com minha tia e ambas riam muito, mas mesmo assim foi bem fácil notar um pouco de frustração no semblante dela, visto que minha Mãe não é daquelas que se deixa abater por qualquer coisa.

Logo que minha tia se foi, ela veio me perguntar se no meu guarda-roupas haviam algumas roupas de frio das quais eu pudesse me desfazer, pois havia uma pessoa pra quem ela queria doá-las – já é inverno; apesar do clima “tropical”, só quem vive aqui em São Domingos do Prata sabe que a nossa cidade sempre teve a fama de ser muito quente no verão e extremamente fria no inverno –. Eu respondi que sim e que eu iria separar as roupas. Aproveitei para perguntar se estava acontecendo alguma coisa, pois eu havia reparado que ela estava um pouco abatida... E logo ela veio com uma história pra me contar...

Nesse mesmo dia, de manhã cedinho, ela havia saído pra caminhar e durante o percurso, ela avistou uma criança andando apressada, de mochila nas costas indo pra escola, calçando um par de chinelos velhos, bem maiores que os pés, vestindo bermuda e uma camiseta um pouco suja e rasgada, com os braços encolhidos e emaranhados pelo frio latejante da manhã.
Quando se aproximou, ela a reconheceu. Essa criança vive perto da nossa casa junto com a família; é uma família carente, mas muito bondosa. São todos muito simples e também são gente muito honesta.

Então, minha Mãe perguntou a ela onde estava o seu agasalho, pois fazia muito frio, ainda era cedo e o sol não estava demonstrando muita vontade de se expor naquele dia; e a única resposta que obteve foi: “eu não tenho blusa de frio, Dona Bárbara”.
Enquanto eu ouvia as palavras saltarem da boca da minha Mãe, eu já podia imaginar o desfecho da história e a cada palavra pronunciada meu coração palpitava mais forte; surgiu em mim uma vontade súbita de chorar... Era como se eu tivesse uma dúzia de nós atarraxando a minha garganta.

Não vou negar que estou emocionado aqui, agora, e também não vou negar que é tamanha a minha dificuldade pra colocar essas palavras no papel. Há dias isso aconteceu, e há dias eu venho tentando escrever o que para alguns, são apenas palavras, mas para mim isso foi muito mais do que uma lição suficiente pra uma vida inteira.

“eu não tenho blusa de frio, Dona Bárbara”.

Honestamente, ouvir isso fez parecer como se o mundo tivesse acabado pra mim... Nesse instante, eu me senti vazio, como se eu fosse a pior pessoa do mundo. Me senti inútil, triste, fraco, egoísta... Não que eu não pudesse fazer nada para ajudar, porque afinal, a partir daquele instante eu já iria separar as blusas e calças para a minha Mãe fazer a doação que ela queria fazer.

Eu digo que me senti como seu eu fosse a pior pessoa do mundo, por todas as vezes em que eu passei perto dessa mesma criança na rua da minha casa e sequer quis observar se ela estava vestida, calçada ou com fome... Me senti egoísta por todas as vezes em que eu olhei à minha volta e tudo que eu pude ver foram as minhas ambições, sem me importar com as pessoas ao meu redor. Me senti triste, por todas as vezes em que eu estive focado apenas no futuro distante e por todas as vezes em que eu fechei os meus olhos pra não ver o que acontecia no presente bem à minha frente...

Por muitas vezes eu fiz caridade; participei de campanhas arrecadando alimentos e agasalhos, visitei asilos, crianças carentes... Por vezes fiz o bem ao próximo; Eu sei que eu fiz a minha parte, mas ainda assim, mesmo diante de tudo isso eu me senti inútil. Afinal, de que adianta carregar o mundo nas costas para ajudar um “desconhecido”, enquanto um vizinho bate à porta da minha casa à procura de um pedaço de pão pra matar uma fome implacável? E eu sequer pude notar a situação em que este se encontrava.

Há tempos eu não me sentia da forma como eu me sinto agora... Esse fato mexeu muito comigo e me fez pensar de uma forma diferente. Diante disso eu me emocionei, me arrependi, agradeci e agradeço a DEUS por tudo que tenho, principalmente pela minha Mãe, que no ápice da emoção se desfez de seu agasalho naquele momento, pra não deixar que aquela criança fosse pra escola com frio. Minha Mãe, que dos anjos que existem nesse mundo, eu sei que Ela é o que guarda a minha vida... Que veio até mim no momento em que eu, inconscientemente, mais precisava de alguém para me abrir os olhos e me fazer enxergar que enquanto eu reclamo das menores dificuldades, outras pessoas sofrem bem à minha frente, com frio, fome, sozinhas, doentes. Ela, que veio pra me fazer lembrar quem sou eu, de onde eu venho e que me fez ver novamente que até mesmo um sorriso bobo pode mudar completamente o rumo do dia de alguém.

Que possamos levar daqui em diante a lição de viver como pessoas mais observadoras ao que acontece à nossa volta.

Talvez as coisas que nós sempre buscamos estão bem diante de nossos olhos... Só nos basta querer enxergar.

Espero que gostem!

Fiquem na Paz! :)

terça-feira, 2 de julho de 2013

O Tempo Por Si Só



Em um sábado à noite, diga-se de passagem, normal, como outro qualquer, eu estou rodeado pelos amigos do dia-a-dia, assentado em volta de uma mesa de bar pra aliviar o estresse e pra atualizar as conversas que ficaram atrasadas, relembrar as memórias que se perderam ao longo do caos de mais uma semana que termina.

E por mais incrível que isso possa parecer, é agora, nesse exato momento, que as ideias começaram a fluir na minha cabeça e eu assumo as ferramentas do meu celular como um lápis e uma folha de papel e boto pra fora os meus pensamentos enquanto ouço os risos, as notícias e histórias.

Eu poderia dizer que isso é hipocrisia, ou então eu poderia dizer que essa atitude chega a ser até um pouco anti social de minha parte, mas ainda assim, eu prefiro aceitar que eu não sou muito adepto à "paixão nacional" e não tenho o hábito, muito menos conhecimento suficiente para discutir com os meus amigos sobre futebol. E por um lado isso acaba sendo bom, porque afinal, quem diria que esse texto iria surgir em uma mesa de bar?

O engraçado é que há algumas semanas, eu estava conversando com a Carol Souza sobre algumas coisas a respeito de nossas vidas, das ideias que temos sobre certas coisas, objetivos... e nessas idas e vindas, ela me questionou sobre o porquê de eu não estar mais escrevendo para o meu blog e eu respondi à ela que na verdade eu até tenho escrito algumas coisas, mas por falta de tempo e talvez até mesmo por falta de inspiração, todas essas coisas que eu escrevi, acabaram por não ter um fim.

E isso me deixa muito angustiado, porque escrever é uma das coisas que faz eu me sentir mais feliz e eu fico ainda mais angustiado pelo fato de eu ter passado pelo menos as últimas duas horas olhando pra essa “folha” em branco, sem saber por onde começar. É irônico, porque eu sempre preguei que tenho certa afinidade com a escrita, mas de um tempo para cá, por mais que eu me esforce, os meus pensamentos me sufocam e eu me perco em meio às palavras sem saber se vou conseguir expressar bem as coisas que sinto e se isso vai ter algum significado para alguém.

Agora que tudo começa a fluir, eu posso dizer através de todas essas palavras, que essa conversa com a Carol me fez parar um pouco pra pensar no ‘tempo’. E de lá pra cá, esse termo ficou soando na minha cabeça, como se fosse um sino que não parasse de bater... Essa conversa me fez parar pra pensar no quanto o tempo é precioso, e ao mesmo tempo, no quanto ele é injusto.

Eu digo precioso, porque ele faz com que a vida passe num piscar de olhos e dessa forma ele nos força a valorizar aquilo que somos e aquilo que temos hoje, para que assim, quando chegarmos ao final de nossas vidas, restem apenas boas lembranças e a certeza de que fizemos tudo que podíamos para vivermos uma vida melhor, como pessoas melhores, em um mundo melhor. Mas em contrapartida, o tempo é injusto porque direta ou indiretamente ele acaba tirando de nós aquilo que temos de mais precioso: as pessoas que amamos.

Hoje me bate um aperto tão grande no coração, exatamente por saber que até aqui a vida me levou tão longe e o quão distante ela colocou algumas pessoas de mim. Nesse instante eu olho à minha volta e posso olhar nos olhos desses meus amigos... Eu vejo esses sorrisos, esses rostos queridos que hoje estão ao meu lado, mas num amanhã não muito distante, só DEUS sabe onde eles estarão ou em que lugar do mundo eu estarei.

Muitas pessoas passam pelas nossas vidas. Algumas deixam pedaços, outras levam pedaços - muitas vezes, pedaços preciosos -. Todos os dias pessoas entram e saem dos nossos corações, mas nenhuma delas é capaz de suprir a falta daqueles especiais que se foram, ou que ficaram pra traz. E não importa em que lugar do mundo você esteja, ou com quem você esteja; quando estamos longe de casa, longe das pessoas que amamos, a única certeza que temos é a de que quanto mais o tempo passa, a sensação é de que estamos cada vez mais sozinhos.

Agradeço a DEUS pela vida que tenho, pela família que tenho, pelos amigos que tenho, pois eu sei que são eles, onde quer que eles estejam, que me transformam no melhor que eu posso ser.

E não importa aonde a vida vai me levar... eles sempre estarão comigo.

Essa é a certeza que eu tenho.

Espero que gostem.


Fiquem na PAZ! :)