segunda-feira, 21 de junho de 2010

O seu destino, é você quem faz?

Há alguns dias atrás, logo após o almoço, eu estava assentado em um velho banco de madeira no terreiro da minha casa, pensando sobre coisas que acontecem na minha vida e tentando achar alguma explicação plausível para esses acontecimentos, que por vezes são muito desesperadores.
Era uma segunda-feira, fria, nublada, aliás, um dia bem comum em um típico “quase inverno” aqui nesse interior cercado pelas estradas reais e pelo minério de ferro.

Eu estava sozinho, fantasiando a aparição de um belo raio de sol para aquecer os dedos das mãos que por algum exagero estavam “quase” congelados, quando de repente me veio uma vontade súbita de chorar e por coincidência, como diriam alguns, alguém se assenta bem ao meu lado mudando completamente o rumo do meu dia e esse alguém? Era minha Avó. Irônico como as vezes, as pessoas de quem menos lembramos são as que causam um impacto maior sobre nós.
Ela é uma senhora já idosa, de seus oitenta e poucos anos, cabelos grisalhos, literalmente brancos e pele bem enrugada, detalhes físicos que são indícios de uma vida longa, bem vivida e bem sofrida, mas que absolutamente nenhuma negatividade conseguiu abalar a alegria de viver que essa mulher carrega estampada no rosto.


Começamos a falar sobre como os tempos têm mudado. Como as coisas vêm sofrendo mutações desde os primórdios até os atuais, digamos assim. Acho interessante conversar com alguém mais velho, porque eles sempre dizem que “na minha época não era assim que funcionava”, ou “na minha época não existia nada disso” e se pararmos pra pensar, eles tem toda a razão.


Entre um assunto e outro, minha avó começou a me contar sobre como a minha família foi criada com muita dificuldade. Me contou que a primeira vez que minha mãe colocou sapatos nos pés fora com 14 anos de idade e que meus tios também não tinham calçados, nem roupas de frio. Saíam todos os dias de madrugada, muitas vezes até sem comer nada e caminhavam por quilômetros para chegar na escola. Contou que os cadernos que eram utilizados por eles, quando chegavam ao final, tinham que ser apagados no início para serem usados novamente. E quando faltava dinheiro para os cadernos, meu avô vinha até a cidade à pé, para comprar os mantimentos e pedia ao mercador pedaços de papel (desses que se enrola pão) para que os filhos usassem na escola.


Engraçado que até pouco tempo antes dela chegar e começar a conversar comigo, eu achava que eu tinha todos os problemas do mundo. E ouvindo tudo isso, eu vi claramente que eu não tinha 1/3 dos problemas que a minha família passou e que eu devia dar Graças a DEUS por isso.
Nesse momento, eu que me sentia distante da minha família, senti de volta uma aproximação, uma sensação de estar “voltando pra casa”. Tudo bem que é meio estranho, depois de tanto tempo longe, a gente simplesmente “voltar pra casa”. Tudo parece igual... O mesmo cheiro, as mesmas paredes e cores... Você pensa que tudo mudou mas aí a ficha acaba caindo e você percebe que quem mudou foi você.


As vidas de muitas famílias, de muitas pessoas são praticamente idênticas à minha vida, à vida da minha família, ou até mesmo piores que as nossas vidas juntas. E muitos de nós ficamos por aí, solitários, nos matando por coisas que são tão fúteis enquanto outros lutam por alguma coisa pra comer ou pra vestir. Quantos de nós resolvemos nos recolher, nos trancar em nossos quartos e casas? Quantos de nós nos recusamos a olhar à nossa volta e a dar amor ao próximo? Amar o igual é fácil, mas quantos de nós nos prontificamos a amar o diferente? Quantos de nós deixamos a vida passar ao invés de levantar e lutar com garra e sabedoria?


Já se passaram 24 anos da minha vida e olhando agora para o que eu fiz em todos esses anos atrás, e para todas as esperanças e sonhos que eu tenho, eu chego à conclusão que; se ter as coisas realizadas da forma como você quer for a medida para uma vida de sucesso, então algumas pessoas diriam que eu sou um fracasso. Mas esses poucos minutos de conversa com minha avó me fizeram lembrar que a coisa mais importante é não se amargar pelas decepções... É aprender a deixar o passado para trás e lutar visando sempre o adiante. Eu reconheço que nem todos os dias dessa batalha serão ensolarados, mas quando você se encontrar perdido na escuridão e no desespero, lembre-se que é somente na escuridão da noite, que podemos ver as estrelas.



Só DEUS sabe onde a vida te levará!



A estrada é longa, irmão... E no fim, a jornada é o destino.


Fiquem na Paz! :)

6 comentários:

  1. meu Deus! quase chorei, quase mesmo! simplesmente indescritível! *-*

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  2. Está de parabéns, Arthur.
    Seu texto ficou maravilhoso.
    Um abraço;

    Ana Lúcia

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  3. Meu amor!! Amei o texto, como sempre escrevendo super bem!!! Saudades demais de você!!! Beeeijos!
    Fica com Deus e te cuida!! ♥
    Mariana de Pinho

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  4. Que saudades de você!!!!!!!
    Te amo!!! ♥

    Mariana de Pinho

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  5. Arthur... Muito bom saber que vc possui este blog com temas tão profundos.
    Isso faz uma falta na vida da gente...

    Vou aparecer sempre por aqui! Rs
    Parabéns

    Bjão!

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